segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Principais Patologias do ombro

            O ombro é a articulação (ou conjunto destas) que unem o braço ao tronco. Apresenta a maior amplitude de movimentos de todas as articulações do corpo humano, sendo capaz de movimentar-se em variados planos, levando o braço, e a mão a imensas posições. Tendo tanta amplitude e possibilidade de movimentos torna-se uma das mais complexas redes de articulações, ligamentos e músculos do nosso corpo.

            É constituida por 3 ossos principais: Clavícula, Escápula (omoplata) e Úmero.



Imagem 1: Ossos principais.

            Estes 3 ossos estão ligados por ligamentos que permitem coordenar, restringir e orientar movimentos, unindo-os entre si. Os 3 principais ligamentos são: Acrômio-clavicular, que impede a luxação da clavicula; Gleno-umerais que se dividem em superior, médio e inferior, impedindo a deslocação do ombro; Esterno-clavicular, unindo a clavicula a zona do torax.

             A nivel múscular a articulação do ombro é suportada por vários elementos músculares que trabalham em conjunto de forma a realizar os movimentos. Existem músculos circundantes, que não são tão especificos, mas que ajudam nos movimentos do ombro (Deltóide, Peitoral, Trapézio Grande dorsal e Grande redondo).



Imagem 2: Músculos adjacentes

            No entanto, existe um grupo muscular essencial no correto funcionamento do ombro, chamado “Coifa dos Rotadores” que reforçam a cápsula articular resistindo aos deslocamentos da cabeça do Úmero (que é uma das grandes causas de lesões a nível do ombro). Eles são: Supra-espinhoso (responsável pela abdução); Infra-espinhoso (Rotação externa); Pequeno-redondo (Rotação externa e adução) e Infra-escapular (Rotação interna e adução).



Imagem 3: Músculos da Coifa dos Rotadores

Lesões e Patologias mais comuns

            Devido à complexidade e instabilidade deste conjunto de articulações, é mais propensa a algumas lesões, sendo algumas, com difícil tratamento. As mais comuns lesões e patologias do ombro são:

Luxação do ombro

            A luxação do ombro ocorre quando a cabeça do úmero sai da sua posição correta, ou seja, da cavidade glenóide. Isto pode ocorrer por variados motivos, mas está directamente relacionada com uma hiperextensão ou mesmo ruptura de um dos ligamentos. As luxações podem ser anteriores, posteriores, superiores ou inferiores, dependendo do ligamento lesionado ou do tipo de trauma que ocorreu. Sendo a mais comum a anterior, pois acontece quando o membro está em abdução e rotação externa, que é das posições mais comuns no dia-a-dia.


             Poderá haver a tendencia de a luxação do ombro, se tornar crónica, devido à laxidão dos ligamentos, fazendo com que o ombro de desloque ao minimo movimento. Nestes casos, a cirurgia é imperativa. Pode ocorrer também uma sub-luxação, isto é, o úmero sai da cavidade glenóide mas retorna ao local por si só.
            Quando ocorre a luxação, é necessária a recolocação do ombro no sitio rápidamente, para evitar maiores lesões ligamentares. Depois disto, é importante a imobilização total desta articulação de forma a que a cicatrização de uma provável lesão no ligamento, seja feita na posição correta. Para isto, existem variados dispositivos que ajudam a manter o membro superior imobilizado.  

Lesão na “Coifa dos Rotadores”

            Como falado anteriormente, a Coifa dos Rotadores é um conjunto de músculos e tendões que rodeiam a articulação do ombro, sendo os principais responsáveis pelos movimentos mais abrangentes do ombro. As lesões ocorridas nesta zona são comuns e podem ocorrer por lesões nos tendões, por repetição constante de movimentos (tendinites), pelo envelhecimento dos mesmos ou por trauma (rupturas). Estas situações vão causar dor, falta de força e diminuição da mobilidade.


Imagem 5: Ligamentos da Coifa

            A maioria das lesões ocorre pelo o excesso do uso dos tendões ao longo do tempo, sendo mais ocorrente no braço do lado dominante. Este processo pode ser acelerado por:
Esforços e/ou posições repetitivas( movimentos a nível profissional ou desportistas)
Em processo de envelhecimento, quando ocorre diminuição do fluxo sanguíneo. 
Esporões a nivel acromial ou noutra estrutura do ombro, que leva ao enfraquecimento dos tendões.
Traumas.



Imagem 6: Lesão na Coifa

            Por isto, este tipo de lesão é comum em adultos acima dos 40 anos, ou mais cedo em caso de desportistas de alto rendimento em determinado desporto, profissionais em que mantenham o membro superior elevado durante grandes periodos ou em caso de queda ou outro tipo de traumas.
            Como sintomas para a lesão na coifa temos dor recorrente, mas mais notória em repouso, dor ao movimentar o braço, falta de força e poderá existir sensação de crepitação durante o movimento. Inicialmente a dor é ligeira mas com o tempo piora evidentemente podendo tornar-se permanente.
            Nestes casos, é aconselhada a fisioterapia para mobilizar a articulação, mas fazer também periodos de repouso com imobilizadores de braço. Em casos mais severos, será recomendada a cirurgia.

Artrite

            Artrite é a inflamação das articulações que ocorre quando o sistema imunulógico decide atacar as estruturas articulares do próprio corpo, sendo por isto uma doença autoimune. Uma das articulações mais afectadas é o ombro, mas por norma ataca variadas articulações, se não tratada precocemente. Embora a maior parte da causa desta doença seja autoimune poderá também ocorrer por trauma, que leva depois a um processo inflamatorio daquela região.
Um individuo com artrite sente dores e também alguma rigidez na articulação. Deverá fazer alguns tipos de exercicios para reabilitação ao mesmo tempo que terá que ser acompanhado com medicamentos para evitar a progressão da doença.
No caso do ombro, em fases agudas da doença, poderá ser necessária a imobilização para melhorar os periodos de dor. 

Bursite

            Uma articulação sinovial é aquela que é revestida de cartilagem com liquido sinovial que alivia o artrito durante o movimento. Essas articulações, são as mais móveis do corpo humano mas por terem pequenas glândulas (Bursas) que podem inflamar, tem um risco grande de vir a ter uma Bursite (Processo inflamatório da bursa). No caso do ombro, é a Bursa Subacromial que inflama, sendo responsável por proteger todos os tecidos envolventes ao acrómio.          


Imagem 7: Bursite

            Por norma, este processo inflamatorio surge pela repetição de movimentos ao longo do tempo, e causa dor e limitação no movimento. Nestes casos, é importante a medicação prescrita pelo médico e o fortalecimento dos musculos do ombro para evitar desiquilibrios de força.
            Claro está, que a Bursite é uma das tendinites mais comuns no ombro, mas poderão ocorrer tendinites noutros tendões subjacentes, pelos mesmos motivos, e com tratamento identico.

Artrose

            A artrose tem maior incidencia a partir dos 65 anos mas pode ocorrer em pessoas mais jovens. Este tipo de patologia faz o individuo perder os movimentos progressivamente devido à dor presente. Na artrose as cartilagens que protegem as articulações encontram-se mais ásperas o que causa muito artrito no movimento, atrito este, que mais tarde poderá levar ao destruimento de toda a cartilagem.

            Para o tratamento desta condição o mais importante é aliviar a dor, com medicação, periodos de imobilização e melhorar a capacidade funcional da articulação através de movimentos suaves e controlados, fazendo com que a patologia não progrida.



Imagem 8: Artrose no ombro

Síndrome do ombro congelado

Também conhecido como capsulite adesiva, a síndrome do ombro congelado é caracterizada por uma rigidez e dor na articulação do ombro. Esta síndrome tem várias fases:

Fase 1 -  Ainda existe alguma mobilidade mas já existe uma inflamação na membrana sinovial, causando dor em todo o tipo de movimento articular.
Fase 2 -  Existe uma evolução da sinovite, levando à aderencia da capsula sinovial à cabeça do úmero, fazendo com que a articulação começe a perder movimentos. A dor começa a diminuir, á medida que a articulação se torna mais rígida. Esta fase pode prolongar-se até 18 meses.
Fase 3 -  A articulação começa a perder rigidez e a voltar a ter movimentos normais, embora esta patologia deixará os pacientes com perca de 15% a 20% dos movimentos.
           

Imagem 9: Sindrome do ombro congelado

            O tratamento deve ser iniciado logo na fase dolorosa, com medicação para as dores e terapias como a acunputura e terapias manuais (massagens, exercícios passivos). Periodos de imobilização também poderão ser feitos, pois não se deve forçar movimentos nesta fase da patologia. Passando a fase da dor, deverá ser feita a reabilitação para recuperar o máximo de movimentos possíveis.

             Na maior parte das lesões e patologias faladas anteriormente, é aconselhado periodos de imobilização. Para isso existem suportes apropriados, para cada tipo de patologia. Poderá ser só necessário uma imobilização simples, ou colocar a articulação numa determinada posição e angulo.



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